sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Miniaturas

Você descobriu o diminutivo filho, e ADORA usá-lo. É louco porque de fato, tudo que é diminuto é mais próximo e é mais nosso mesmo né? Acho que esta sua descoberta fala muito de você, que é super carinhoso, e gosta da proximidade...



Algumas pérolas:


-Abre a pota (porta) mamãe, a potinha....
-Paínho, vem loguinho!
-Quero suco, suquinho
- Quero avinha (aguinha)




Outra coisa que percebo é que você usa diminutivos quando aquilo a que você se refere tem valor, é algo muito desejado por você, ou um momento em que você derrama toda sua intensidade de ser. Re-li o capítulo da miniatura do Bachelard pensando nisso que você tem nos mostrado de você e descobri a seguinte frase:



"Tenho mãos para te colher, tomilho minúsculo dos meus sonhos, alecrim de minha extrema palidez." - André Breton





Pensei em fazer um outro post, separado deste aqui, para encaixar esta frase de Bergerac que me descreveu, em poucas palavras, a intensidade da sua presença na nossa família, porque neste parágrafo tão pequeno, cabem tantos sentimentos, e sentimentos tão grandes... Mas resolvi mantê-lo aqui, por ter feito parte de um mesmo instante de devaneio meu, e aceitando fazer este post ser exatamente estas gotas de miudezas, que foi exatamente como eu senti, e pude escrever. *



"Esta maçã é um pequeno universo em si mesma, cuja semente, mais quente que as outras partes, espalha ao seu redor o calor que conserva o seu globo; e, deste ponto de vista, o germe é o pequeno sol desse pequeno mundo, que aquece e alimenta o sal vegetativo dessa pequena massa."



Texto de Cyrano de Bergerac citado por Bachelard em seu livro A poética do espaço, pg. 160, no capítulo "A Miniatura" ed. Martins Fontes, 2005.



Eu acho que nunca vi uma descrição tão perfeita de uma casa de família, pensei em nós, e em você minha sementinha....



* Não sei se o Bachelard já falou sobre isso, mas hoje percebi que alguns devaneios, nascem e acontecem assim, abertos e soltos no vento, um após o outro, como bolas de sabão... esferas solitárias no ar, mas unidas pelo vento que sopramos, felizes.

Título: Bolhas de sabão

Tamanho: 100x80

Técnica: Óleo sobre tela

http://br.geocities.com/edinasikora/edinaexpo.htm

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A mardita gripe suína

Na segunda feira você acordou com uma febrinha...pronto, tudo aquilo que a gente pensa ser jogo de marqueting, terrorismo midiático, pânico generalizado, exagero cai por terra quando a gente vira uma possibilidade. Aí a gente vê que a gente inevitavelmente faz parte desta balbúrdia, e quando o assunto é saúde e vida, pega. Ainda mais quando é em você. Não que eu não ache importante ter alguma crítica, de fato, a febre abaixou no dia seguinte, e no outro (seguramos você na quarta também) já não tinha febre nehuma. Imagina se tivéssemos levado vc a algum PS, e "por preacaução" tivéssemos lhe dado o Tamiflu?

Como se não bastasse a neurosezinha que nos assolou na segunda, na terça eu ligo pra escola pra avisar que você não ia e a coordenadora da escola me diz que uma coleguinha sua, que brinca com você, tinha recebido o diagnóstico no sábado anterior...ela tava até mandando circular pra casa! Bom, não foi nada, é possível que tenha sido um dentinho novo e inofensivo nascendo, ainda porque você não teve nenhum quadro respiratório (resfriado, tosse...) , comum na sintomatologia da gripe suína.

Só sei que, nessas horas, a gente percebe a nossa fragilidade diante desse falatório todo, e como é importante acompanhar muito de perto, para tomar as devidas precauções, e ao mesmo tempo não ser tomado na enxurrada que leva a maioria indiscriminadamente. Mas entendo a aflição.

Ao acordar...

Você olhou para mim, apontou para a cara do seu pai dormindo ao lado e disse:

-Olha! Um olhinho piquiquininho!


Que delícia começar um dia assim...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Preenchendo vazios - imagem de Jesus e Maria

Oi filhote,
Re-li meu post anterior, fiz algmas revisões... e viva a escrita! Que nos dá a possibilidade de construir e desconstruir e reconstruir, formar e reformar aquilo que já foi. Eu realmente adoro escrever...e estou gestando a idéia de fazer um blog meu. Quem sabe dentro em breve...


Mas resolvi adicionar este post, porque ao reler meu post anterior, me deu vontade de acrescentar uma imagem, não sei porque, da Maria e do pequeno Jesus, que são, juntos, uma imagem forte da relação mãe filho mesmo... só pra não ficar este vazio de imagem, olha só o que eu achei:


Achei que esta imagem mostra bem os dois em conexão, não é?

E eu ligadona na Bíblia...o que que tá pegando meu Deus!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

...sobre o ser mãe

Que difícil que é saber ao certo como educar. Hoje fiquei pensando sobre o que seja educar um filho, ou em outras palavras, e mais essencialmente, como é que me coloco diante de você para me comunicar efetivamente. Você hoje deu um show de manhã pra por roupa, e eu, depois de muito tentar convencê-lo, resolvi colocá-lo no castigo. A verdade é que não funcionou, você se fechou mais ainda pra qualquer comunicação, e eu, pra pensar em uma forma de te fazer entender que precisávamos sair...

Na verdade, ser mãe é que é difícil demais. Como chegar no ponto ótimo e me fazer entender e ao mesmo tempo tentar entendê-lo? Talvez isto seja um ranço meu de psicóloga, mas a verdade é que não consigo não me fazer esta pergunta. Talvez seja mais fácil do que eu imagino, talvez, a saída para alguns seja óbvia, simples e familiar, mas para mim, neste momento não é (grito!!!). E isto tudo me faz pensar nas relações, e também em como é delicado e complexo tomar decisões, porque tomar decisões implica ter que definir, o que é "bom", ou na pior das hipóteses da confusão toda, "melhor" para todos. Este "melhor para todos" é que causa o imbroglio, porque, será que estou realmente te ouvindo, ou até, será que possuo o melhor repertório para resolver o assunto? É uma lama na verdade, mas o duro é que é preciso definir, e esta definição implica talvez, me cegar para o que você sente, deseja ou até precisa de mim.

Culpa, maldito sentimento que nós mães inevitavelmente sentimos. É responsabiliade demais, porque a gente sempre foi e sempre será ligado a vocês e ao seu destino. E tudo que você experienciar, remete a nós enquanto genitoras, matrizes e nutrizes (ou assim a gente segue se enganando...). O seu sofrimento é a nossa falha, e é mais forte que nós nos sentirmos no dever de impedir a sua dor.

Olha filho, a mamãe certamente tomou, toma e tomará decisões ruins, mas acredite, a intenção é sempre amorosa. Me perdoe pelas confusões e pela incompreensão. Tem uma frase bíblica, proferida por Jesus (na cruz!):

Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem...

E eu aqui apelando pra Bíblia... falei de culpa, não falei?