sábado, 10 de abril de 2010

Rua Bruno Simoni, 161

Dia 30 de Dezembro de 2009, seu pai e eu passamos o dia inteiro acompanhando a mudança. Eram móveis e objetos sendo colocados em milhares de caixas, que eram carregadas por homens muito fortes até um caminhão estacionado logo a frente de casa. Em poucas horas, tudo que preenchia aquela casa foi levado embora, e sentimos na alma aquele vazio que testemunhávamos logo a nossa frente. Uma casa não é feita de paredes, é feita de objetos.




Dia 31 de Dezembro, seu pai e eu passamos a tarde toda fazendo uma última faxina na casinha. Tanto ele quanto eu sentimos um forte desejo de nos despedir daquela casinha que nos acolheu, nos primeiros passos que demos juntos na vida, e que, não podendo deixar de ser de tão especial que era, também te recebeu tão bem naquela noite fria de Junho.




Incrível, mas nós nunca conseguimos arrumá-la exatamente como gostaríamos. Ela não permitiu que fincássemos nossas raízes por lá completamente. Pra mim, ela ficou sendo a morada dos começos e recomeços. Seu novo dono certamente concorda comigo. Ela existiu para ser a casa onde você nasceu, e generosa como toda casa deve ser, nos deu o tempo certo de trégua para que você, e nós, pudéssemos caminhar e seguir adiante.




Neste ano, nos despedimos da casinha e da Noemia. A alma de uma e da outra ficaram tão embrenhadas, que não existiu casinha sem Noemia. Faxinar uma casa transforma a alma da casa, ela ganha as qualidades daquele que investe nela com músculo e suor. Mesmo depois de sua partida, a presença forte de Noemia era sentida nos cantos ermos da casa, onde achávamos seus botões, sua sacola de meias sem par, sua muda de roupa. É com muitas saudades e enorme respeito a elas, que seu pai e eu limpamos pela última vez a nossa casinha.





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